Geral 03 de FEVEREIRO DE 2022
A variante Ômicron do coronavírus apresenta, nos últimos dias, indícios de que o seu avanço pode estar perdendo força no Rio Grande do Sul. Os principais dados usados para análise da pandemia mostram que o contágio segue alto, mas, nos últimos sete dias, com menos velocidade do que nas semanas anteriores. O movimento é valorizado por especialistas, pois uma desaceleração pode antecipar a estabilização ou a queda das contaminações.
Dois grupos de dados mostram, atualmente, um cenário de perda de velocidade da Ômicron em solo gaúcho: os novos casos e as internações por covid-19.
O indicador de média diária de novos casos subiu muito velozmente ao longo das três primeiras semanas de janeiro, passando da casa de 1 mil para o patamar de 16 mil. Nos últimos dias, contudo, essa curva mudou de comportamento e passou a oscilar para cima, até o recorde de 17,7 mil, e para baixo, até 14,8 mil nessa quarta-feira.
– Dá para falar, neste momento, apenas em desaceleração. Não é possível falar ainda nem em estabilização nem em queda. Também, esta semana é complicada para analisar o dado de novos casos por conta do feriado, que acaba gerando atrasos (de inclusão no sistema) – alerta Suzi Camey, professora de Estatística e Epidemiologia da UFRGS, e integrante do comitê de dados do governo do Estado.
O coordenador da Rede Análise Covid-19, Isaac Schwartzhaupt, concorda que há indícios de desaceleração da variante. Ele lembra que essa perda de força também aparece nos resultados da pesquisa feita diariamente pelo Facebook e pela Universidade de Maryland com usuários da rede social sobre sintomas de covid-19.
– Os dados do Facebook (sobre o Rio Grande do Sul) também mostram isso. Nesses dados, já aparece até um platô, nos últimos dias. Então, sobre casos, tudo está indicando uma desaceleração do crescimento – disse Schwartzhaupt.
Por apresentar expressiva subnotificação e atrasos, o indicador de casos é considerado parcialmente confiável para avaliar, em tempo real, a pandemia. Assim, os estudiosos recorrem a dois outros dados, fornecidos pelos hospitais: os números de pacientes com covid-19 internados em leitos clínicos e em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).
Nas internações em leitos clínicos, a perda de velocidade é aparente. O número de pacientes com covid-19 nesses espaços, que havia crescido 111,4% na semana retrasada, subiu menos na semana passada: 59,3%. E, nos últimos sete dias, a subida perdeu ainda mais força e está em 17,8%.
– Realmente, a gente não tem mais aquela aceleração de internações que apareceu nas primeiras semanas de janeiro. O ritmo de crescimento mudou. A gente ainda deve passar alguns dias com aumento nas internações, mas a velocidade de subida é menor do que antes. É uma desaceleração – acrescenta Suzi Camey.
O indicador de pacientes com covid-19 em UTIs apresenta movimento semelhante. O número de pacientes com o vírus internados nesses leitos, que havia crescido 75,1% na semana retrasada, também subiu menos na semana passada: 40,1%. E, nos últimos sete dias, a subida perdeu ainda mais força e está em 20%.
Na maior parte dos países por onde passou, a Ômicron apresentou alta vertiginosa seguida de queda igualmente veloz. Contudo, alerta o coordenador da Rede Análise Covid-19, há locais como a Áustria onde a variante subiu e desceu, mas a queda foi seguida de uma segunda alta, ainda pior. Em outras palavras, diz Schwartzhaupt, mesmo quando os indicadores começarem a cair, é preciso cautela.
– Na Áustria, na Alemanha, a onda da Ômicron subiu muito rápido, caiu muito rápido, mas 15 dias depois já havia uma nova onda. E maior do que a anterior. Por outro lado, há países como a África do Sul, que subiu e caiu rápido, e deu – diz Schwartzhaupt.
O fato de o Estado registrar, nas últimas semanas, recorde de novos casos sem, contudo, contabilizar recordes de internações por covid-19 se deve, conforme especialistas, ao sucesso da vacinação. A vacina é a principal responsável por reduzir as chances de as pessoas desenvolverem formas graves da doença, apontam os estudiosos. Há indicativos, também, de que a variante Ômicron possa ser menos agressiva do que as anteriores.
Os três principais recursos defendidos por autoridades da saúde e especialistas para evitar o contágio são: uso correto da máscara facial, evitar aglomerações e garantir ventilação natural cruzada em ambientes fechados.
FONTE: GZH
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